Professor adjunto
Universidade Federal de São João Del-Rei
Bruno Cunha é Professor adjunto na Universidade Federal de São João Del-Rei, autor do livro a "Gênese da Ética de Kant" (2017) e das traduções (para o português) comentadas das "Lições de Ética" (2018), "Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião" (2019), "Lições de Metafísica" (2021), bem como dos textos clássicos "À Paz Perpétua" (2020) e "A Religião nos Limites da Simples Razão" (2024) de Immanuel Kant.
Dentro da literatura secundária, a doutrina do sumo bem tem levantado inúmeras controvérsias.
Devido a sua profunda ambiguidade, diversas interpretações divergentes apareceram na literatura mais recente.
Dentre essas interpretações, duas linhas se destacam: uma corrente defende que o sumo bem deve ser compreendido de uma perspectiva individual, transcendente e religiosa, segundo a qual a conexão entre virtude e felicidade é pensável sob as condições conjuntas da imortalidade da alma e da existência de Deus.
Outra linha acredita que a doutrina do sumo bem só se torna coerente quando concebida de uma perspectiva coletiva e imanente, a partir da qual se atribui um papel central à sua dimensão histórica e política.
Para essa última, os escritos dos anos de 1790 marcariam uma mudança de perspectiva, em que a posição transcendente da década anterior teria sido abandonada a favor de uma perspectiva imanente.
Meu objetivo é apresentar, de modo geral, o status da questão, bem como alguns argumentos a favor de uma tese compatibilista.
Defendo que, de uma perspectiva sistemática, a perspectiva imanente é problemática e, portanto, a perspectiva transcendente precisa continuar sendo considerada a base da doutrina do sumo bem.
Por último, argumento que, como problema da razão, o sumo bem deve ser interpretado, em suas dimensões imanente e transcendente, como uma nova abordagem do problema da teodiceia.